Presidente do Pró-Memória fala sobre o passado de Indaiatuba

Grandes fatos e acontecimentos marcaram a história da cidade que é destaque por suas belezas

Por Luciano Dibalbino • Fotos Jornal Exemplo® / Giuliano Miranda – RIC/PMI

Nesta data em que Indaiatuba completa 187 anos, o Caderno Especial de Aniversário do Jornal Exemplo® fala sobre o futuro. Não tem como falar de futuro sem relembrar o passado, das histórias que aconteceram na cidade que era pequenina e hoje é uma das mais importantes do interior paulista e até mesmo do Brasil. E para contar um pouco dessas histórias, o Jornal Exemplo® falou com Antônio Reginaldo Geiss, presidente da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba. Sr. Geiss, como é conhecido tem descendência italiana, mas nasceu na cidade, viu Indaiatuba crescer e aqui consolidou sua vida, ajudando então no progresso da cidade e participando ativamente da vida social e cultural do município.
As histórias são muitas e ele disse que quando era criança a cidade deveria ter na área urbana cerca de cinco mil habitantes, o município todo deveria ter uns doze mil e tudo era muito simples. Suas brincadeiras eram na Rua 7 de Setembro com 15 de Novembro, ali era o seu campo de futebol.
Ao iniciar a entrevista, as lembranças do Sr. Geiss vão surgindo e o bate-papo fica mais interessante, pois, não são todos os dias que se pode ouvir um personagem da história indaiatubana, contando fatos e impressões de uma cidade que está marcada para ser “exemplo”.
Voltando ao passado, Sr. Geiss lembra que na época da sua infância quase não tinha carros, e quando surgia um, a meninada ficava brava, pois ao passar pelo ‘seu campinho de futebol’, atrapalhava a brincadeira que acontecia todas as noites, de acordo com o veterano.
Os fatos importantes na cidade foram muitos, e segundo ele, levaria dias para relatar todos os acontecimentos da antiga Indaiatuba, mas contando os marcantes, Geiss lembra que em 1937 foi inaugurado o sistema falado no cinema da cidade, pois antes era mudo. Nesta época o cinema era o Cine Guarani, posteriormente mudou para Cine Santo Antônio que encerrou como o famoso Cine Rex, depois veio o Alvorada. Ele disse que naquele tempo era exibido um filme diferente por dia: Faroeste, Drama, Comédia e Seriados eram as atrações. Os seriados tinham um capítulo exibido por semana, e o primeiro a ser apresentado na cidade chamava-se ‘O Império Submarino’.
O cinema ficava na Praça Prudente de Moraes, que segundo Geiss era o ‘centro nervoso’ da época. Tudo acontecia lá, o melhor bar da cidade também se encontrava na Praça. O Local era onde se realizava o ‘Footing’, expressão em inglês usada por ele para explicar que a Praça era o ponto de encontro da mocidade que andava pelo local, as moças no sentido horário e os rapazes no sentido anti-horário, isso para que pudessem se encontrar.
“Lá também tinha o prédio da Prefeitura, onde hoje é o chafariz. As caminhadas eram feitas no fundo da Prefeitura, local onde eu conheci minha esposa”, conta. Outro ponto de encontro que ele recorda e que era muito frequentado pela sociedade era a Estação de Trem. Geiss lembra que não existia entretenimento na cidade, então a diversão da família indaiatubana era ir ver o trem passar, uma média de quatro vezes por dia. Ele fala também da Estação de Itaici que era muito importante, pois era o entroncamento da Ferrovia Sorocabana.

A inauguração do Haoc foi um marco.  Ele mudou a vida  das pessoas

Fatos inusitados acontecem e Geiss lembra que viajou muito de Maria Fumaça e que era uma aventura, pois tinha que tomar cuidado para não ser atingido por fagulhas e queimar a roupa. “Isso podia acontecer, mas comigo não aconteceu”.
Sobre o tamanho da cidade ele lembra que terminava na Rua Pedro Gonçalves que era a última rua da localidade. No sentido norte a cidade terminava no Campo do Primavera, onde é hoje o Magazine Luiza, aquele quarteirão pertencia ao Primavera. “Eu assisti muitos jogos importantes ali, era um campo de terra batida, não tinha grama naquele tempo”, lembra.
Um marco para a cidade e que mudou a qualidade de vida dos locais foi a inauguração do Haoc (Hospital Augusto de Oliveira Camargo), em 1932, que se transformou em um monumento da cidade pela característica do prédio. “Dona Leonor e Senhor Augusto Oliveira Camargo que idealizaram e concretizaram a construção do hospital. Eles também financiaram a instalação da rede de água da cidade, que até 1937 não tinha água encanada”, conta o presidente do Pró-Memória.

Expansão
Aprofundando mais na memória, Geiss lembra que inaugurou o prédio da Escola Randolfo Moreira Fernandes em 1937, que fica no centro da Praça Dom Pedro II. As lembranças ainda permitem recordar que para a mudança de escola, os estudantes saíram em fila da antiga escola e foram para a inauguração do novo colégio, que hoje é tombado e é patrimônio da cidade.
Em 1942 a cidade recebeu a primeira agência bancária – Banco Mercantil de São Paulo – recorda Geiss, que foi funcionário chegando até a diretoria da instituição.
Sobre as empresas da cidade, ele lembra que existiam muitas na área urbana do município, entre elas, uma que foi muito importante, Indústria Mazzoni, uma das maiores empregadoras de Indaiatuba naquela época. A mão de obra era formada na sua maioria por mulheres que trabalhavam na parte de acabamento das peças, que eram cabo de guarda-chuvas.

Entretenimento
Em 1957 foi criado o primeiro clube da cidade, o Indaiatuba Clube, no qual Geiss foi fundador, idealizou o projeto e a construção do atual prédio. Chegou à presidência do clube e hoje é conselheiro vitalício. Este ano os sócios do clube têm um grande motivo para comemorar e se orgulhar, pois o Indaiatuba Clube completou 60 anos de fundação., no mês de julho.
O espaço é um dos mais procurados na cidade para a realização de festas, onde a sociedade local, assim como antigamente continua a se encontrar para confraternizar e celebrar a alegria e amizade.

Agricultura
Hoje o município tem em sua força empregatícia a indústria, mas no passado o que movimentava o comércio local era a agricultura. Geiss diz que a primeira lavoura local foi o café. A batata também foi um dos pilares da economia, ainda hoje algumas fazendas nas redondezas da cidade cultivam o legume.
A terceira etapa da agricultura se deu com o plantio do tomate, que colocou a cidade no mapa nacional como uma das que mais produziu no Brasil. “
A chegada do tomate, trazido pelos japoneses contribuiu para o início do crescimento. Atrás disso veio à industrialização do Pós-Guerra (Segunda Guerra Mundial), a partir daí a cidade começou a ser industrializada”, lembra Geiss.
Avançando no tempo, Geiss conta que outro fator que impulsionou o crescimento do município foi a duplicação da SP-75, que liga Sorocaba a Campinas, passando por Indaiatuba, e a criação do Distrito Industrial que recebeu indústrias de grande porte, além da transferência das que existiam no Centro.

 

 

Fundação

Indaiatuba irá ganhar a casa da memória

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Para que todos tivessem a oportunidade de conhecer as histórias, passado, presente e futuro de Indaiatuba, foi idealizado por Geiss a Fundação Pró-Memória, que viu a necessidade de criar a instituição para manter viva a história da cidade por meio de fotos e documentos históricos. De acordo com ele, houve um movimento no início dos anos 1980 para preservar o casarão que seria demolido, pois a família proprietária do espaço estava vendendo o imovél. O protesto surtiu efeito e o espaço foi comprado pela Prefeitura, que designou o local para projetos culturais, para isso uma comissão foi formada pelo Geiss, Nilson Cardoso, Antônio da Cunha Penna, Antônio Arlindo Gomes entre outros.
Para que o projeto andasse, o grupo visitou o arquivo público de Rio Claro que era referência para o interior. A diretora do arquivo daquela cidade cedeu um projeto de Estatuto para o grupo indaiatubano. Com isso, em fevereiro de 1994 foram iniciadas as atividades da Fundação Pró-Memória.
Geiss termina sua entrevista dizendo que foram muitos os fatos que fizeram a grande Indaiatuba de hoje, que se prepara para um futuro grandioso. “Indaiatuba atualmente está tendo um crescimento vertiginoso, não tem como parar. A cidade tem muitos recursos, é uma cidade que se modernizou, que é conhecida no Brasil inteiro e temos que tirar proveito disso”, ressalta.
“Eu quero saudar Indaiatuba nesta data tão especial, fico feliz em poder falar e contar um pouco sobre muitas de suas histórias, é importante que as pessoas saibam como era e o que aconteceu para que a cidade chegasse ao ponto que é, para seguir em um futuro próspero e grandioso. É muito gratificante para mim. Obrigado pela oportunidade de poder falar sobre isso”, conclui Geiss.

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