‘Paraíso Perdido’ chega ao Topázio

Drama musical gira em torno de uma boate

Paraíso Perdido é o nome de uma boate. Mas não apenas. É o emblema de algo recôndito, escondido, uma utopia preservada em meio ao seu contrário, a distopia generalizada. É, com seus conflitos, um espaço de afetos e entendimentos.
Daí a oposição, logo explicitada, entre o acolhimento interior e o espaço externo, a rua, onde a transexual Imã (Jaloo) é agredida de forma gratuita e covarde. Por que se agride alguém desse modo, quais são as motivações do agressor senão o mal-estar provocado pelo ‘diferente’.
Que, talvez, evoque desejos próprios do agressor, jamais confessados, sequer para si próprio. Não estamos vivendo um clima desses hoje em dia, no Brasil e no mundo? O horror diante do Outro que, por paradoxo, se parece muito a nós mesmos?
Em todo caso, o Paraíso Perdido é esse espaço de exceção em um mundo conturbado. Não por acaso, o dono do lugar, José (Erasmo Carlos) diz para o público que, lá dentro, se esqueça de sua vida. As pessoas vão lá para sonhar, para colocar entre parênteses vidas que sentem pesadas demais. O Paraíso Perdido evoca o espaço de um sonho.
E também um espaço de tolerância em que, se contradições existem, também existe um ambiente em que os conflitos podem ser absorvidos e eventualmente resolvidos.
De qualquer forma, neste projeto de Monique Gardenberg sente-se um respiro feminino que busca abrigar os contrários e não tensioná-los além do suportável. Essa disposição vai da naturalidade em que as ‘novas sexualidades’ (que aliás nada têm de novas) encontram abrigo, como a fruição musical de um gênero estigmatizado – o ‘romântico’ ou ‘brega’.

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