‘Pai em Dose Dupla 2’ chega ao Cine Topázio

Apesar de algumas falhas, filme garante boas gargalhadas

fotos: divulgação

Parece haver, em alguns círculos, a esperança de que ‘Pai em Dose Dupla 2’ de Sean Anders seja um marco de reabilitação para Mel Gibson como uma estrela de cinema convencional, depois de vários anos de atuação em filmes feitos estritamente para públicos específicos. A noção torna-se implausível ao ver sua performance intensamente antipática aqui, mas essa é uma preocupação secundária pela qual podemos tolerar. Mais importante é que, por mais medíocre que tenha sido o primeiro longa essa sequela não só o faz parecer razoável, mas dá aos telespectadores o presente duvidoso de um filme de Natal, duas semanas antes do Dia de Ação de Graças (que ocorre em novembro). Após o sucesso de bilheteria do primeiro longa, a Paramount pode pensar que o segundo filme tem pernas suficientes para alcançar a temporada de Natal. Mas, neste caso, duplicar os duelos entre pais produz menos de metade do prazer, e faz com que ‘Pai em Dose Dupla 2‘ pareça uma memória ruim quando o Papai Noel chegar à cidade.
Aqui, os heróis do primeiro filme, Dusty (Mark Wahlberg) e Brad (Will Ferrell) fizeram as pazes com a partilha da custódia dos dois filhos que Dusty teve com a ex Sara (Linda Cardellini), atual esposa de Brad. Mas essa equanimidade está ameaçada quando, além da expectativa de chegada de Don (John Lithgow) pai de Brad, a família descobre que está recebendo uma visita surpresa do ‘bad boy’ Kurt (Gibson) pai de Dusty.
Mesmo para os fãs de cinema dispostos a colocar as ‘birras’ de Gibson e a julgar o que está na tela, Kurt é uma figura de virar o estômago. Esqueça a leitura possessiva que Gibson dirige às mulheres antes mesmo de conseguir uma linha para ler; Olhe, em vez disso, para o olhar sociopático inquietantemente convincente que ele dirige aos atores destinados a ser sua ‘família’. Ou Gibson é um ator melhor do que pensamos, ou ele encontrou sua alma gêmea neste personagem. Seja qual for o caso, é preciso algo como um sádico para apreciar o modo como Kurt passa a intimidar as crianças e os adultos durante o longa.
Quando a gangue chega em casa do aeroporto, Kurt olha ao redor e decide que nenhuma casa é grande o suficiente para conter seu ego. Então ele – assim como qualquer um de nós faria – retira seu telefone e aluga um chalé a algumas horas de distância, esperando que as outras oito pessoas envolvidas larguem tudo e mudem seus planos de férias. E é exatamente o que eles fazem.

03 - abre - Cinema 2
O roteiro, de Anders e John Morris, depende fortemente de trapalhadas, com a maioria delas às custas de Brad. É estranho, para um filme que ostensivamente torna a vulnerabilidade masculina seu objetivo final, quanto desprezo tem por seu personagem mais ‘aberto’ e amoroso. ‘Mas Ferrell é feito para ser um bufão!’, Você diz. Sim. Mas o comediante está de férias aqui, transformando uma performance tão preguiçosa quanto a direção de Anders, o que nos deixa antecipar a maioria das piadas muito antes de serem feitas.
Quando Brad não está no ‘espremedor’, o longa mostra ele transmitindo involuntariamente seus modos tímidos ao filho adotado Dylan (Owen Vaccaro). Dylan está no auge de sua primeira paixão, e os conselhos de Brad garantem somente o fracasso. Dusty está compreensivelmente ansioso para impedir que sua progênie fique presa em uma ‘zona de amigos’, mas Kurt vai além, instruindo a criança a dar os beijos que ele quer e dar uns tapas na ‘bunda’ da garota quando terminar.
Quando ele não está ocupado treinando a próxima geração de estupradores, Kurt está semeando sementes de discórdia entre os dois co-pais. Embora Dusty conheça o pai e tente desesperadamente avisar Brad para não morder a isca, logo os dois homens estão na ‘armadilha‘. O atrito entre os vovôs é bem menos definido, mas isso é em parte porque Don esconde um triste segredo, e em parte porque o filme nunca se cansa de vê-lo beijar seu filho adulto nos lábios.
E as mulheres em ‘Pai em Dose Dupla 2‘? Uma das filhas é uma menina má, impossível de gostar. A garota que rouba o coração de Dylan não faz nada senão sorrir. Sara, cujas escolhas trouxeram todos esses personagens mal-adaptados em primeiro lugar, faz pouco mais do que reclamar sobre as confusões que eles fazem. E a nova esposa de Dusty, Karen (Alessandra Ambrosio), está visivelmente na tela, mas silenciosa durante quase todo o longa: depois de ter introduzido ela no primeiro filme com uma brincadeira idiota – sim, ela é uma modelo Victoria’s Secret – Anders percebeu que, se ele colocar um caderno em suas mãos com alguns rabiscos em vez de falar, ele pode resolver as deficiências que Ambrosio tem como atriz.

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