Photo Credit To ELIANDRO FIGUEIRA - SCS/PMI

Nosso crescimento e investimento

charles Fernandes é arquiteto e urbanista e acompanha de perto o desenvolvimento do município

É comum observarmos manchetes nos jornais e revistas locais, ano após ano, festejando o crescimento populacional de nossa cidade, indicando uma nova população numericamente superior. Geralmente, essa notícia de crescimento é celebrada de maneira quase irresponsável, sem os dados econômicos ou sociais paralelos a esse crescimento.
Assim, fica a impressão que o crescimento populacional traz apenas novas oportunidades de negócio geradas por uma população ávida por consumo de trabalhadores assalariados cuja renda seria encaminhada ao nosso comércio e prestadores de serviço, dinamizando e desenvolvendo nossa economia, proporcionando mais negócios e solicitando crescimento do perímetro urbano e, por consequência, aquecimento do mercado imobiliário.
Mas fica a pergunta, alguém já teve a curiosidade de conferir onde se embasa o crescimento de Indaiatuba?
Esta visão gloriosa de crescimento econômico, advém (também) de um passado histórico recente, mais precisamente do início desta década, de 2010 até o ano de 2013, quando foram criados cerca de 15.362 empregos formais na cidade, (IBGE) sendo uma média simples de 5.120 empregos a cada ano. No mesmo período, a população cresceu 20.423 habitantes (IBGE). Um resultado notável, pois demonstra ainda os 9 mil habitantes que entraram na maioridade e demandariam trabalho durante estes três primeiros anos da década, bem como as 5.048 famílias que estima-se terem migrado para a cidade neste período.
Quando observamos a abertura de novos cadastros de empresas no município, durante o mesmo período, vislumbramos crescimento ainda mais significativo: dos 6.147 estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço, presentes na cidade em 2010 (Fonte: DEREM), saltamos para 10.536 em 2013, são 4.389 novos cadastros em 3 anos. Quanto às indústrias, que eram 694 em 2010, resultaram em 843 em 2013, com as novas 149 plantas instaladas na cidade.
Para quem encara crescimento como meta, 2013 foi o mais incrível ano pelo qual a cidade já passou, com crescimento populacional de 5.81%, somando 12.183 novos habitantes, em 6 mil novos empregos formais. Muitos fatores externos podem ter influenciado tal crescimento, como o fim da crise financeira norte-americana que abalou a economia mundial, e a vinda de empresas de grande porte para a cidade, no ano anterior, e que estariam somando a 2013 seu efetivo de empregados que se mudaram para a cidade, além dos empregados na construção civil que foram mobilizados para atender a demanda criada repentinamente, de cerca de 3.479 novos lares para esses migrantes, e para 1.453 novos casais que se formaram na cidade através de matrimônio neste mesmo ano (IBGE).
O ano de 2013 foi excepcional em todos os sentidos, a cidade soube surfar a onda de prosperidade que assolou a região, e destacou-se de maneira significativa. Porém, algumas pessoas já se perguntavam: até onde se pode crescer assim?
Já ao fim deste período, podemos avaliar alguns pontos que demandam preocupação quanto à sustentabilidade econômica. Em 2010, por exemplo, eram 32 habitantes para cada estabelecimento de Comércio ou Serviços, e em 2013 apenas 21 habitantes para cada estabelecimento destes ramos de atividade na cidade. A indústria teve menos alteração per capita, de 291 habitantes por planta, para 263 habitantes por instalação em 2013, partimos de 694 cadastros industriais em 2010, para 843 em 2013, somando 149 novas indústrias na cidade, nestes três anos. Podemos avaliar que o Comércio e Serviços cresceram de maneira desproporcional ao crescimento Industrial na cidade (e ainda crescem).
Essas novas indústrias foram instaladas em 2001 ou 2012, uma vez que em 2013, mesmo sendo um ano de excepcional crescimento populacional, conforme dito acima, nenhuma nova indústria se instalou na cidade, pelo contrário: perdeu-se 9 delas.

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