Identidade Indaiatubana 14/04/2017

por Eliana Belo

ELZIRA, ARTISTA E
MEMORIALISTA
Ainda considero que Indaiatuba carece de registros de sua História, mesmo com tanta gente gostando, apreciando e estudando o assunto, sempre ávidos por ‘novidades do passado’. Uma das obras que diminuem essa ânsia pela busca de nossa identidade é o livro escrito por Elzira Ferrarezi Carotti publicado pela Fundação Pró-Memória de Indaiatuba chamado ‘Elzira… Na Ribalta da Vida’.

A CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA
Memória não é História. A História como ciência, possui métodos de análises específicos, que buscam em fontes diversas o material para ser estudado, analisado, contextualizado, publicado e novamente re-estudado, formando um ciclo de produção científica que não termina nunca com verdades absolutas, mas sim, em um esforço de narrativas com maior objetividade e representatividade possível. Nessa perspectiva, a memória é uma das diversas fontes que o historiador utiliza para alimentar esse ciclo de produção do conhecimento; e em Indaiatuba temos a prazerosa fonte produzida por Dona Elzira, com suas memórias que testemunham, acima de tudo, sua vida como artista.
E através de suas memórias pessoais, o funcionamento das relações de nossa Indaiatuba se desvenda, expondo a identidade social, econômica, religiosa, artística e também de outras esferas, principalmente do trabalho.

LEMBRANÇAS E IDENTIDADE SOCIAL
Entre outras memórias, Elzira conta que, ainda menina, trabalhou em uma Olaria produzindo tijolos e, mais tarde ‘quando completou 10 anos’ foi trabalhar como cozinheira da família Sannazzaro, período em que ia buscar água nas torneiras públicas de Indaiatuba, tanto para a família que a empregava, como para sua própria residência, quando terminava sua jornada. Fazia as tarefas sempre cantando, talento que era admirado por todos. ‘A música e o canto sempre foram as maiores motivações da minha vida’. Pobre e sem condições de ter uma boa roupa, certa vez Elzira foi convidada pela professora do Grupo Escolar que frequentava a cantar em um dia de festa. Só que com uma condição: ela ficaria escondida atrás do palco, e uma menina com condições financeiras para apresentar-se ‘adequadamente’ a dublaria, dançando suavemente com seu lindo vestido rodado. Essa memória acompanhou Elzira por toda sua vida, e foi uma das poucas que ela levou da escola, uma vez que saiu do Grupo assim que aprendeu a ler, ao terminar o primeiro ano, exclusivamente para continuar na rotina de seu trabalho infantil.

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