Identidade Indaiatubana 10/02/2017

por Eliana Belo

Almeida Júnior

Cenas do Cotidiano de Indaiatuba no século 19
Almeida Júnior é um reconhecido artista brasileiro que nasceu em Itu em 8 de maio de 1850 e faleceu em Piracicaba no dia 13 de dezembro de 1899, em frente ao Hotel Central de Piracicaba, assassinado pelo seu primo José de Almeida, ao descobrir que estava sendo traído pela sua esposa, a belíssima indaiatubana Maria Laura do Amaral Gurgel, filha de fazendeiro cafeicultor, com quem o artista mantinha um romance.
Atualmente grande parte de suas obras – mais de 40 – estão na Pinacoteca do Estado de São Paulo, muitas delas transferidas do Museu Republicano de Itu. Seu nome completo era José de Ferraz de Almeida Júnior.

Arte inovadora
Almeida Júnior é aclamado com unanimidade por seus biógrafos oficiais por ser o primeiro artista a criar, manter e dar irreparável foco à abordagem regionalista em suas obras. Até então, nenhum artista havia levado às grandes produções artísticas, produzidas com a grandeza de seu talento a temática do mundo cotidiano, incluindo o universo do chamado homem caipira. E ele o fez com maestria e grande sensibilidade, criando uma tendência que passou a ser aclamada.

Cenas do cotidiano de Indaiatuba
O mais impactante para a história e memória de nossa cidade é saber que foi referência para seu olhar inovador. Paisagens simples, retratos de pessoas anônimas e fidedignidade ao cotidiano do cidadão comum foram inspiradas na Indaiatuba da segunda metade do século 19, como por exemplo a obra Amolação Interrompida onde o indaiatubano Bento Roque serviu como modelo em tela de 1894:

fotos: Acervo da Pinacoteca do Estado

fotos: Acervo da Pinacoteca do Estado

Segundo Antonio Reginaldo Geiss, Almeida Júnior frequentava a casa de sua bisavó materna aqui em Indaiatuba, tendo sido, inclusive, padrinho de casamento de sua avó. Na memória oral familiar, consta que outro quadro do reconhecido artista também foi feito com indaiatubanos em seu cotidiano: trata-se da obra ‘O Violeiro’, pintada no mesmo ano da morte do artista aos 49 anos de idade e que teve o casal Galdino Chagas, que foi professor e diretor do único Grupo Escolar que tínhamos no centro urbano do início do século passado em nossa zona urbana, e sua esposa Francisca como modelos em 1899.

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Em sua tese de doutorado sobre o artista, a pesquisadora Fernanda Mendonça Pitta (USP) identifica um tópico central em suas obras: a filiação às poéticas do realismo/naturalismo, compreendidas, no contexto brasileiro, como estratégia de configuração de uma arte nacional, mas também como esforço de responder a inquietações relativas aos desdobramentos da pesquisa pictórica de tradição europeia: a renovação da pintura de história através da pintura de costumes. A pesquisadora ainda ressalta o papel atribuído – pela crítica e pelo público, em especial paulista – às obras de Almeida Júnior na construção de novas iconografias nacionais.
É nossa Indaiatuba presente no esforço do artista para constituir uma nova visualidade, que evidencia uma relação complexa com os anseios de autorepresentação de uma determinada parcela da sociedade brasileira, centrada especialmente no interior de São Paulo.

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