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Cannes reflete questões da atualidade

renomado Festival que teve início na quarta-feira (17), sedia uma polêmica que o antecede

AE/Luiz Carlos Merten

Em 2000, o Festival de Cannes abrigou uma grande conferência internacional para debater as novas tecnologias. Coincidência, ou não, o júri presidido por Luc Besson atribuiu a Palma de Ouro ao filme que, naquele momento, melhor representava a mudança – Dançando no Escuro, de Lars Von Trier. Quase 20 anos depois, o festival de número 70, que teve início na quarta-feira (17), sedia uma polêmica que o antecede. As novas tecnologias ampliaram o leque de captação das imagens, refletiram-se na exibição. Mas em 2017, algo está se passando. Cannes selecionou, para a competição, dois filmes da Netflix – The Meyerowitz Stories, do norte-americano Noah Baumbach, e Okja, do sul-coreano Bong Joon-Ho.
O festival contava que fossem exibidos nos cinemas. A Netflix não cedeu e já anunciou que não mudará sua plataforma. Mesmo que, eventualmente venham a ser premiados pelo júri presidido por Pedro Almodóvar, esses dois filmes não se destinam aos cinemas. Como? Vencedores da Palma de Ouro que não passam nos cinemas? Isso é inédito. Perigoso? A Sociedade Francesa dos Realizadores, os distribuidores e exibidores, todos protestam. E o próprio festival já anunciou que vai mudar seu regulamento para o ano que vem, para evitar que isso ocorra de novo e garantir a primazia do lançamento em salas. Cannes aceita as mudanças, mas quer continuar garantindo a existência da sala como templo de cinema.
Luzes, câmera, ação! A Salle Lumière, a maior do chamado Palais, onde se realizam as projeções oficiais da competição, é um sonho de cinema. Imensa, equipada com os mais avançados sistemas a garantir alta qualidade de som e imagem. Nesta noite, o francês Arnaud Desplechin e sua equipe vestem-se de gala para o mais tradicional cerimonial de Cannes, a montée des marches. Cannes sem tapete vermelho, homens e mulheres vestidos de gala – o salto alto é obrigatório para elas -, não existe. O festival é muito cioso de suas tradições. De seus autores, também. Todo ano, é a mesma crítica. A seleção oficial, formada pelos filmes da competição e da mostra Un Certain Regard, privilegia os autores de sempre. A seleção do 70.º aniversário traz diretores estreantes (Joshua e Ben Safdie, Robin Campillo), mas a lista dos habitués é muito maior e ocupa a quase totalidade dos filmes que vão disputar a Palma de Ouro, a ser outorgada no domingo, dia 28.

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