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TV Exemplo® entrevista o vereador e médico Dr. Luiz Carlos Chiaparine

Live foi no facebook na quarta-feira (6) sobre o novo Coronavírus

Na quarta-feira (6) aconteceu a terceira live do Jornal Exemplo®. Como convidado, o vereador e cardiologista, Luiz Carlos Chiaparine participou do Bate-Papo com Aluísio William, Presidente do Grupo AWR®. Chiaparine respondeu perguntas dos espectadores da transmissão ao vivo na página do Jornal Exemplo® pelo Facebook.
Comentou sobre a estrutura da cidade em decorrência da pandemia do novo Coronavírus e seus respectivos cuidados, assim como a atuação do Ministério da Saúde no país.
1ª pergunta: Por que os idosos são os mais suscetíveis à contaminação e às complicações?
R: O isolamento social deve ser feito para aqueles que estão em grupo de risco, todos podem pegar o Coronavírus, mas principalmente, pessoas idosas. Com o envelhecimento elas apresentam a diminuição da imunidade, que é a capacidade do organismo de responder uma infecção, pode ser vírus ou bactéria. Essas pessoas acabam tendo doenças, principalmente pressão alta, diabetes, bronquite, obesidade, doenças reumatológicas, essas doenças também fazem com que o organismo perca sua capacidade de reação às infecções. É uma população mais vulnerável, tem uma idade de corte, acima de 60 anos. Porém, sabemos que se as pessoas tiverem outras doenças, como doenças do coração, que diminuem a imunidade, elas podem ser acometidas em uma idade mais jovem. É importante que pessoas do grupo de risco, idosos ou com doenças crônicas tomem os cuidados necessários nessa pandemia, para que não tenham a infecção e preservem a saúde. O que temos hoje, para proteger da infecção, é evitar o contato, não temos remédio efetivo e a vacina deve demorar para ser produzida.
2ª pergunta: Como político e médico, já pensou em indicar ao prefeito para que seja elaborado um geomapeamento da cidade?
R: Esse geomapeamento existe, em diversos setores da Prefeitura que utilizam essa tecnologia e a Área da Saúde também. Existe um setor de Vigilância em Saúde que é o nome do órgão responsável, conhecido por Vigilância Epidemiológica, por isso falamos em doença de notificação compulsória, doenças em que precisamos informar o órgão público, o exemplo mais conhecido é o da dengue. Qual que é o problema com o Covid-19? A falta de kits para diagnósticos, não só no Brasil mas no mundo inteiro, é uma doença nova, o Instituto Adolf Lutz que faz os exames para as Prefeituras e o Estado, não consegue fazer isso de uma maneira rápida e adequada. Agora que estão chegando no Brasil os testes, que são vários, o rápido, o TCR, que tenta detectar o vírus na circulação e tem outro que vamos procurar vestígios de anticorpos contra o vírus, quando entramos em contato com o vírus, a maneira para se defender, é o organismo produzir uma arma contra esse anticorpo. Existem exames que detectam isso, o grande problema são os kits que não estão em quantidade adequada e os que não são confiáveis, muitas empresas produzem, mas existem kits que acertam em 50%, 30%, se esse kit é positivo, ótimo, a pessoa tem a doença, mas o fato de ter exame negativo não quer dizer que ela não tem a doença. O fato de não termos esses exames, dificulta a atuação da Prefeitura para identificar o foco de infecção, isso é difícil, os países que fizeram isso em larga escala têm conseguido um controle adequado da doença, esperamos que com a chegada dos kits possamos testar a população em larga escala e conseguir identificar onde estão os indivíduos doentes para fazer o isolamento e a prevenção. Essa seria a melhor maneira de conduzirmos o distanciamento social, que hoje é às cegas, mandamos todos ficar em casa, o correto seria fazer o exame em todas as pessoas, e ficar em casa só as contaminadas. Infelizmente ainda carecemos de ferramentas para fazermos isso.
3ª pergunta: Como a Prefeitura está fazendo para controlar os testes que estão chegando?
R: O bom é buscar no mercado aquele teste que tem uma eficácia melhor, com a Anvisa, ou vai buscar na literatura, trabalhos científicos publicados em cima daquele método que comprovam realmente a efetividade e existem maneiras de fazer isso. Estão chegando testes em quantidade não muito satisfatória, o hospital tem feito em casos selecionados o teste rápido, alguns laboratórios da cidade têm feito de maneira particular, ainda não de maneira efetiva, mas acredito que com o passar do tempo esses testes vão ser acessíveis e tornar-se mais confiáveis. Existe já o teste rápido em farmácia, mas com uma taxa de acerto pequena, o fato de dar negativo não significa que você não tem a doença.
4ª pergunta: Em quais bairros da cidade mais aparecem os casos da doença?
R: Nós temos poucos casos confirmados na cidade, felizmente estamos passando por uma situação equilibrada no município, nós nos preparamos para o Covid-19 desde o início de fevereiro, quando surgiram os ‘boatos’ que ia ter uma pandemia, o município está preparado com leitos hospitalares, leitos de UTIs, respiradores, equipe médica. A taxa de mortalidade é baixa e um índice de sucesso no tratamento, quantidade de pacientes entubados vem se mantendo estável desde o começo da pandemia. Dizer qual bairro tem mais ou menos isso nós não temos ainda, sabemos que a doença começou pelas classes sociais mais altas, pessoas que viajaram para o exterior, a passeio ou a trabalho, Indaiatuba é uma cidade industrial e fica perto do aeroporto, muitas pessoas que trabalham no aeroporto moram em Indaiatuba. E em São Paulo também, o primeiro hospital com diagnóstico de Covid-19 foi o Einstein, não foi um hospital de periferia. Então, começou pela classe social mais alta e está disseminando. Em Indaiatuba não temos favela, uma periferia feia, nós temos uma população humilde como toda cidade, mas tem sua casa com água tratada e esgoto então não temos um foco específico de contaminação na cidade, isso está espalhado, os primeiros casos foram de pessoas que vieram do exterior, mas por enquanto temos uma situação equilibrada em termos de gravidade e mortalidade no município.
5ª pergunta: Concorda com o isolamento social?
R: É a única arma que temos no momento, o isolamento é para que tenhamos um nível de infecção controlado, para que a estrutura de saúde do Estado consiga atender a todos. O Brasil é muito grande, temos situações de infecção diferentes entre as cidades, têm cidades que ainda não tiveram infecção pelo Coronavírus, e outras bastante. Os doentes não são iguais para fazer a mesma receita para todos, a questão do confinamento, passa por saber a situação de controle da doença na cidade, saber se o município tem capacidade para atender os pacientes infectados e assim possa liberar mais, outros menos. Em Indaiatuba, temos uma situação adequada, o Sistema de Saúde funciona, foi inaugurado o novo prédio do hospital com mais leitos, nossa situação não é a mesma de São Paulo, Campinas e Manaus. A pergunta que se faz, é no impacto econômico que a pandemia vai ter, pessoas perdendo emprego, comércios fechando, então é difícil achar um meio-termo, parece que o novo ministro da Saúde, sinalizou para analisar cidade por cidade e região por região, para ter uma visão diferente. Uma conta simples, 10% das cidades do Brasil concentram 90% da população do país, dentre 5.600 municípios, 560 concentram 90% da população, então talvez o olhar tenha que ser diferente para esses 10%. O Ministério da Saúde devia olhar com carinho as Regiões Metropolitanas que concentram 90% da população, imagine olhar só para 10% do que tenho, resolvo 90% do problema. Mais fácil de olhar para tudo ao mesmo tempo, não tem recurso para isso e nem precisa, acredito que têm várias cidades no país pelo seu tamanho, pelo grau de população rural que não vão ter problemas.
6ª pergunta: Até onde o cidadão deve ficar em casa antes de procurar assistência médica?
R: O principal sintoma que faz com que a pessoa procure o hospital é a falta de ar. Dor no corpo, febre, diarreia, perda do olfato, fica em casa. Se começar a ter falta de ar, respiração ofegante, vai para o hospital porque a complicação maior do Covid-19 é a parte pulmonar, por isso usamos o respirador, que é a respiração artificial. O principal sintoma para procurar o hospital é a dificuldade respiratória. Um dos fatores de mortalidade, é a demora no início do tratamento, principalmente Rio de Janeiro e Manaus que não têm vaga para internação. Procurar o hospital de maneira precoce e tem vaga no hospital e tratamento adequado, a evolução costuma ser boa.
7ª pergunta: Em Indaiatuba, a percentagem de isolamento está em 49%, segundo dados do Governo do Estado, Indaiatuba ainda não está na faixa ideal para evitar a transmissão do Covid-19?
R: Temos que analisar não só a taxa de isolamento mas os índices de infecção, internação, gravidade. Existe um Comitê de Crise da Covid-19 que tem pessoas da Secretaria Municipal de Saúde, representantes dos hospitais e médicos não só da Prefeitura, mas de fora, que se reúnem todos os dias para ver quantos pacientes estão internados, quantos graves, se morreu, se precisou de respirador. Este é o melhor parâmetro para avaliar, vamos entender confinamento, não é só ficar em casa, por exemplo, se eu for no mercado e estiver muito cheio, vai embora. Filas em caixas e lotéricas, supermercados, não é confinamento, confinamento é ficar longe de pessoas, evitar o contato com indivíduos. Na Suécia, esse conceito de confinamento é distanciamento populacional.
8ª pergunta: Como o senhor enxerga a postura e as determinações do atual ministro da Saúde, Nelson Teich? O que espera da Gestão dele?
R: A informação que tenho do ministro, são duas análises, técnica, que é muito boa, com gestão em saúde, mas está começando agora, é difícil, mas vai demorar para ele entender a estrutura do Ministério. É uma pessoa bem-intencionada, foi para Manaus que é o foco da doença, levando médicos e equipamentos. Torço para que ele acerte, o país é grande, as regiões são distintas e são muitos municípios para correr para todos ao mesmo tempo. A dificuldade maior é resgatar uma estrutura de saúde que não existe porque se você não tem uma UTI, por mais que faça hospital de campanha, precisa de médicos, enfermeiros, equipamentos, pessoas treinadas e não temos isso. Infelizmente, o SUS desativou por volta de 40 mil leitos nos últimos anos, diminuindo investimentos, cortando leitos e o nível assistencial, e estamos pagando o preço por isso.

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04 - Live com Dr. Chiaparine (2)

 

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