Polícia só recupera 16% dos celulares

Dados são da Secretaria da Segurança Pública (SSP)

AE/Felipe Resk e Paulo Batistella

Em São Paulo, um criminoso tem cinco vezes mais chance de ficar com um celular roubado ou furtado do que a vítima de conseguir o aparelho de volta. Por causa da facilidade de esconder, transportar e revender ilegalmente, o objeto tem se tornado, cada vez mais, o principal alvo da ação de bandidos no Estado. E as polícias só conseguem recuperar 16% dos aparelhos, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Se considerados apenas roubos – crimes cometidos mediante ameaça ou agressão -, a situação é ainda pior. A cada cem celulares roubados, ao menos 93 ficam com os bandidos (6,6% são recuperados pela polícia), segundo cruzamento feito a partir do Perfil de Roubo da SSP.
Na maioria dos casos, o celular é recuperado em abordagens policiais, quando ainda se encontra em posse do suspeito.
Assaltado há cerca de um mês, o estudante Gabriel Grilo, de 23 anos, não espera resgatar o celular, cuja última prestação ainda não foi paga. “Já comprei outro”, afirma. Na ocasião, os ladrões também levaram sua mochila e carteira.
O jovem foi roubado por dois adolescentes em um ponto de ônibus perto da Universidade de São Paulo (USP), na zona oeste da capital. “Foi a quarta vez que fui assaltado em São Paulo, então já me acostumei”, diz. Ele só registrou boletim de ocorrência do último assalto, por causa dos documentos.
Estatísticas da SSP apontam que houve pelo menos 149 mil roubos de celular registrados no Estado entre janeiro e setembro. Já o número de aparelhos roubados e depois apreendidos é de 9.848, de acordo com dados obtidos pelo Estado via Lei de Acesso à Informação (LAI). A polícia também recuperou outros 5.003 aparelhos provenientes de furto (quando não há emprego de violência).
O celular impulsiona a alta dos crimes contra o patrimônio em São Paulo, presente em 61,4% das ocorrências notificadas de roubo. Neste ano, os assaltos atingiram média de 26.972 casos por mês, a maior já registrada. Para especialistas, no entanto, o número real de ocorrências pode chegar até o dobro, uma vez que parte das vítimas opta por não fazer o registro.
O analista Fernando Honorato, de 23 anos, afirma que só registrou o BO por causa do seguro do celular. “Nem passou pela minha cabeça a possibilidade de recuperar o aparelho”, diz o jovem. Em oito anos, ele foi assaltado três vezes: em nenhuma conseguiu ter de volta os pertences.

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