Imprensa internacional repercute reportagem

Empresa também está sendo processada nos Estados unidos

AE/AE

A notícia de que o presidente Michel Temer foi gravado por um dos donos da JBS, Joesley Batista, dando aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha repercutiu na imprensa internacional.
O Clarín, da Argentina, lembra que Cunha comandou todo o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff e que conduziu a queda da petista com ‘grande respaldo da grande maioria da Câmara dos Deputados’. O jornal observa que, no PMDB, Cunha gozava de forte influência e ‘conhecia em detalhes as tramoias dos principais chefes políticos desse núcleo partidário’.
O também argentino La Nacion classificou a notícia como uma ‘fortíssima bomba política’ que ameaça o governo Temer um ano após o ‘polêmico impeachment’ de Dilma. O periódico observa que tais denúncias contra Temer coloca o presidente em uma situação jurídica ‘delicada’, uma vez que os supostos crimes teriam ocorrido no exercício de seu mandato.
Já o El País do Uruguai destacou a frase ‘tem que manter isso’, dita por Temer na conversa com a JBS, referindo-se a uma mesada que Cunha estava recebendo. A publicação ainda deu espaço para um ato falho cometido pelo âncora do Jornal Nacional, William Bonner, que chamou Temer de ‘ex-presidente’.
O português Público apontou o ‘tempo recorde’ em que a delação premiada da JBS foi negociada, se comparada com os dez meses de negociação no caso da Odebrecht e da OAS.
No fim de semana, o The Wall Street Journal, um dos jornais de maior circulação nos Estados Unidos também destacou em sua capa o escândalo brasileiro.

EUA
A J & F, controladora da JBS, contratou o escritório Baker McKenzie para defender o grupo nos Estados Unidos. O Baker é o maior escritório de advocacia do país. A JBS deve responder à lei local porque tem empresas lá. É dona de 91 unidades em operação e cerca de 47% de seu faturamento é gerado nos EUA.
A JBS está sujeita a Lei Anticorrupção local, a chamada FCPA (Foreign Corruptions Practices Act). A legislação é a mais antiga do gênero e prevê penas severas para ilícitos cometidos em qualquer lugar do mundo. “Se no Brasil a JBS fechou um acordo que mais parece um prêmio, é certo que vai ter tratamento rigoroso nos EUA”, diz o advogado criminalista Fernando Castelo Branco. Dependendo da extensão dos crimes, a lei americana prevê afastamento da direção dos negócios, pagamento de multas pesadas, que podem exigir venda de ativos, e até cadeia.
Andrew Spalding, professor de Legislação Anticorrupção Internacional da Universidade de Richmond, disse que o caso da JBS se enquadra nos que costumam ter preferência dos procuradores federais americanos: uma grande empresa envolvida em escândalo e enorme visibilidade. “O que o Departamento de Justiça tenta fazer é desestimular a violação do FCPA por outras empresas. Para maximizar essa ‘dissuasão geral’ eles tendem a iniciar casos que podem ter mais impacto.”

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