Desafios da Adolescência – Parte 1

Daniela Pioli

Pensamentos & Reflexões

A adolescência é um fenômeno da contemporaneidade. Na sociedade ocidental, que se caracteriza pela globalização ocorre de um lado um alargamento do tempo de formação profissional até os 26 anos ou mais e do outro, a antecipação do término da infância. A adolescência assim se torna um período ampliado e todas as dificuldades que envolvem a passagem da infância para a vida adulta terão que envolver alguns lutos. Luto pela perda do corpo infantil, luto dos pais infantis e da infância… Ser do contra, ficar deprimido, chorar, ter manias com alimentos, se vestir diferente, conhecer novas religiões, e assim experimentar novas formas de ser… São comportamentos que fazem parte do processo de experimentação do adolescente. O processo também é vivenciado com angústia, medo e agressividade.
É importante salientar que com a contemporaneidade todas as passagens estão tendo muitas dificuldades, pois os parâmetros históricos foram perdidos para todas as etapas do crescimento humano por conta da complexidade do mundo. Assim é difícil crescer, se tornar adolescente, ser adulto, assumir a paternidade, envelhecer e morrer.
Os pais sofrem muito com isso, sentem-se desorientados, e vivem o luto pela perda do filho dócil, companheiro e muito idealizado e que agora os trocam pelas ‘baladas’. Os jovens por outro lado ficam expostos a um excesso de crítica, são estigmatizados e muitas vezes abandonados emocionalmente e incompreendidos.
Essas crises relacionadas às transformações envolvem os pais, educadores, psicólogos, pois o adolescente recusa a tarefa do caminho para a vida adulta e os pais recusam-se a ver o filho crescer e seguir sua própria vida. Assim alguns pais não conseguem enfrentar o desafio e as dificuldades que envolvem a tarefa de exercer a paternidade ou maternidade de um adolescente. Uns se deprimem, outros querem dominar os filhos, outros querem se tornar também adolescentes.
Mas a grande descoberta da adolescência é o amor que vai ser um sinal de qualidade na construção da subjetividade. A relação amorosa pode ser vivida com sentimentos de domínio, grande dependência, representando um deslocamento de modalidades relacionais problemáticas da infância. Grandes sofrimentos ou mesmo suicídios decorrem de frustrações nas relações amorosas.

Daniela Pioli é Psicoterapeuta Especialista em Psicologia Clínica. Atende Crianças, Jovens e Adultos. Orientação de Pais e Suporte Psicológico ao Luto. Consultório; Rua 11 de Junho, 673. Centro. Indaiatuba – (19) 3816-4188.

 

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