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Comparativo: Novatos atraentes

Os recém-lançados Hyundai Creta e Renault Captur encaram o Nissan Kicks em embate dos aventureiros

AE/Hairton Ponciano

Eles chegaram ao mesmo tempo e no mesmo espaço. Em novembro do ano passado, enquanto a Hyundai mostrava pela primeira vez o utilitário-esportivo Creta no Salão do Automóvel, ali do lado o Captur fazia sua estreia no estande da Renault. Antes que janeiro terminasse, o modelo da Hyundai, produzido em Piracicaba (SP), estava nas concessionárias. No mês passado, foi a vez de o Renault (montado em São José dos Pinhais, no Paraná) ganhar as ruas.
Reunimos os dois novatos para um comparativo, e chamamos para o encontro o Kicks, vencedor do mais recente confronto do segmento, publicado pelo JC no fim de janeiro. Naquela ocasião, o Nissan superou oponentes de peso, como o Jeep Renegade e o Honda HR-V, o que explica a ausência de ambos nesta nova rodada.
Em comum, Kicks, Creta e Captur têm porte elevado, tração dianteira, freios a tambor nas rodas de trás e suspensão traseira com eixo de torção. São três seres urbanos vestidos com traje aventureiro.
O trio comparece nas versões de topo. O Captur Intense (motor 2.0 de 148 cv e câmbio automático de quatro marchas) parte de R$ 88.490. O Creta Prestige (2.0 de 166 cv e câmbio automático de seis marchas) custa R$ 99.490 e o Kicks SL (1.6 de 114 cv e caixa automática CVT) é tabelado em R$ 93.490.
Em vendas, o Hyundai encostou no Nissan em março (3.487 unidades, ante 3.501) – o Renault teve 686 emplacamentos. Veja como eles se saíram neste comparativo que utiliza os novos critérios do JC.

Renault
Basta estacionar os três aventureiros lado a lado para o Captur se destacar. O modelo da Renault é o que tem estilo mais inspirado, com suas linhas sinuosas. Além disso, é bem encorpado: traz capô elevado e a maior altura livre do solo (21,2 cm). Outro ponto de destaque é o preço mais baixo entre os sugeridos para os modelos deste comparativo.
A chave por cartão (como no Fluence) trava as portas automaticamente, assim que o motorista se afasta do veículo. Não há dúvida de que o Captur representa uma grande evolução em relação ao Duster, modelo que lhe deu origem.
O motor 2.0 de até 148 cv (do Duster) não desaponta, mesmo tendo quase 20 cv a menos do que o 2.0 do Creta. Na verdade, o da Hyundai (batizado de ‘Nu’) é que não parece ter os 166 cv, porque eles não se traduzem em desempenho muito melhor que o do rival.
O maior problema do Captur é que faltam marchas. O câmbio automático de quatro velocidades faz o que pode, mas às vezes não há o que fazer. Em subidas acentuadas, ou a caixa engrena a primeira e a rotação sobe demais, ou entra a segunda e o giro cai muito, porque a diferença de relação entre uma e outra é muito grande.
Resultado: falta de suavidade no rodar e alto consumo. Como Creta e Kicks, o Captur vem de série com controle de estabilidade, mas, diferentemente dos outros, no Renault o sistema não pode ser desligado. Outro porém é o antiquado tanque auxiliar de partida a frio, que os rivais não têm.
A direção eletroidráulica (e não puramente elétrica, como nos outros dois) foi uma opção baseada no custo. Segundo informações da marca francesa, como não há fornecedor nacional, importar o sistema causaria impacto no preço do carro.

Nissan
A Nissan conseguiu realizar um bom trabalho com o Kicks. Partindo de um hatch compacto de projeto antigo e sem muito apelo (March), a marca japonesa concebeu um utilitário-esportivo que tem encarado os líderes (Honda HR-V e Jeep Renegade) sem medo. O acabamento, que inclui revestimento de couro no painel, é um dos pontos fortes. O visual é moderno por fora e por dentro.
Outro destaque é o quadro de instrumentos com tela digital configurável. O espaço também agrada, graças ao bom entre-eixos de 2,62 metros.
O maior problema do Kicks é o desempenho. Apesar de ser bem maior (e mais pesado) que o March, o utilitário tem o mesmo motor 1.6 16V de 114 cv do hatch, e seu câmbio automático é continuamente variável (CVT). O resultado é que o modelo demora para deslanchar, situação que se agrava bastante em subidas.
Para minimizar o baixo desempenho, o motorista precisa pisar mais fundo no acelerador, e aí os efeitos colaterais são o aumento de consumo de combustível e as paradas frequentes para reabastecer. Isso porque a herança que o Kicks recebeu do March inclui o tanque de combustível, com apenas 41 litros de capacidade.
A versão de topo da linha, SL, tem partida por botão, seis airbags e controle de estabilidade, entre outros itens. Não há controlador de velocidade nem como opcional. A partir de junho, a Nissan começa a distribuir o Kicks feito no Brasil, em substituição ao importado atualmente do México.

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