As vicissitudes de ter e ser irmão

Daniela Pioli

Pensamentos & Reflexões

Os irmãos convivem intimamente por um período razoável e possuem uma necessidade e um desejo comuns, a saber, o amor preferencial dos pais. A dinâmica familiar poderá levar os irmãos a uma competição saudável e equilibrada na busca de satisfazer sua necessidade emocional ou, ao contrário, promover animosidade e a criação de inimigos.
Cada novo membro que chega à fratria reaviva as rivalidades e modifica a distribuição dos papéis. A chegada do terceiro filho desloca o caçula de seu lugar, ao mesmo tempo em que faz o mais velho reviver o deslocamento sofrido por ocasião do nascimento do segundo, pois seus pais vão estar menos disponíveis para ele. Os sentimentos de ciúme não poupam nenhum dos irmãos da fratria. Enquanto o mais velho lamenta a atenção dispensada ao menor, o caçula pode ter ciúmes das relações do mais velho, anteriores ao seu nascimento, das prerrogativas e conquistas de que ele usufrui devido à idade e, filho do meio, por sua vez, pode questionar o fato de haver sempre um que manda e um que é mimado.
A relação entre os irmãos é inúmeras vezes fonte de aprendizagem para os pais. O vínculo entre os irmãos pode desempenhar um papel importante como sustentáculo do equilíbrio familiar em situações de crise, tais como separação dos pais, doença, morte de um dos pais, de ambos, ou de outros. Essas vicissitudes na vida familiar não necessariamente acarretarão a instalação de uma patologia, na medida em que se encontre um continente para elas, continente esse que pode vir a ser o vínculo fraterno. Os irmãos, enquanto suportes familiares, podem também se encarregar do cuidado dos pais, quando estes, em sua velhice, deles necessitarem.
Os irmãos vão ser muito importantes uns para os outros na construção de suas personalidades, em caso da falta dos pais, podem vir a se constituir ainda em uma rede de apoio uns para os outros. Podemos observar como isso funciona em casos de adoção, em que se dá preferência a que não se separem os irmãos a serem adotados. O vínculo fraterno vai-se formar na continuidade do tempo através da cumplicidade, solidariedade, companheirismo e um elo que futuras gerações poderão estabelecer através dos primos e sobrinhos.

Daniela Pioli é Psicoterapeuta Especialista em Psicologia Clínica. Atende Crianças, Jovens e Adultos. Orientação de Pais e Suporte Psicológico ao Luto. Consultório; Rua 11 de Junho, 673. Centro. Indaiatuba – (19) 3816-4188.

 

Notícias Semelhantes