Aquele domingo, saíram de casa bem cedo, apenas com o magro café da manhã.
– A bênção, mãe! – gritaram quase ao mesmo tempo os filhos.
O Miro, de 15 anos, o Rubinho, de 12, e a Maura, de 10, costumavam percorrer pastos, vales e margens de rios, a juntarem ossos de animais para vendê-los ao comerciante, Sr. Cambucar, a um centavo o quilo. O meio de transporte que utilizavam era um carrinho de madeira, construído por eles mesmos.
– Miro, olhe ali! – gritou a menina, após uma hora de caminhada, apontando para a carcaça de animal parcialmente soterrada à margem do córrego.
Jamais encontraram tanto de uma vez. Estavam com sorte aquele dia! Venderiam a mercadoria por vinte cruzeiros, cálculo feito muito à pressa e por baixo.
Lá pelas onze horas, a fome apertou. Tocaram os três pasto acima. O suor escorria-lhes pelo rosto. O estômago vazio roncava. Chegaram esbaforidos a uma árvore copada. A relva já enxuta do orvalho da manhã começava a esquentar-lhes os pés descalços. Ao pé do tronco, um filete de fumaça subia de um fogão improvisado em duas pedras mal juntadas.
Vida difícil
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