Photo Credit To jornal exemplo®

Reforma do Ensino Médio gera dúvidas

Loide Rosa, mantenedora do Colégio Objetivo, fala sobre as mudanças

da redação

A reformulação do Ensino Médio no Brasil foi sancionada em fevereiro pelo atual presidente, Michel Temer. Um dos principais objetivos da nova proposta é atrair e manter os jovens na escola, já que atualmente mais de 1 milhão de jovens de 17 anos estão fora da escola, e outros 1,7 milhão de adolescentes não estudam nem trabalham.
Dentre as mudanças, está a carga horária, que será aumentada. Em contrapartida, o ensino obrigatório deverá ocupar o máximo de 60% da carga horária total do Ensino Médio, sendo o tempo restante preenchido por disciplinas de interesse do estudante, que poderá eleger prioridades de acordo com a área de formação desejada em uma das cinco áreas de interesse: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional.
Para que a reforma entre em vigor, é necessária a publicação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que definirá as linhas gerais que os alunos devem aprender a cada ano.
A previsão é que ainda neste semestre ela seja encaminhada ao Conselho Nacional de Educação. A partir de então, os Sistemas de Ensino terão o ano letivo seguinte para estabelecer o cronograma de implantação das principais alterações na Lei e iniciar o processo de implementação a partir do segundo ano letivo.
Apesar dos argumentos, a decisão divide opiniões. “Será que a mudança é o suficiente para mudar esse cenário?”, questionam alguns.
A resposta, somente o tempo poderá dar. Antes, “é preciso garantir a sua aplicação”, afirma Loide Rosa, mantenedora do Colégio Objetivo Indaiatuba em entrevista à TV Exemplo®. Confira outras dúvidas esclarecidas pela profissional da Educação:

TV Exemplo®- No que a reforma pode mudar o cenário de milhares de jovens que abandonam os estudos quando adentram no Ensino Médio (EM)?
Loide Rosa – Entendo que precisamos pensar no modelo que existe atualmente. O que temos hoje é um Ensino Médio com muito conteúdo e pouca aplicação. É muito teórico e isso tem desmotivado nossos jovens que acabam, por vezes, abandonando o Ensino Médio. A ideia é diminuir um pouco a teoria ou pelo menos aumentar a teoria que faça a diferença daquilo que signifique o que o jovem quer aprender, com o que se identifica, o que dá prazer.

TVE – De que forma a proposta será aplicada?
LR – Tornando o currículo do Ensino Médio parte obrigatória e parte flexível. A parte obrigatória seria cursada em três semestres. A partir do segundo semestre do 2º ano, o aluno opta por uma das áreas do conhecimento e vai, nesta área se aprimorar.

TVE – Quais são as áreas de conhecimento?
LR – Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza. Em Ciências Humanas, destacamos história, geografia, filosofia e sociologia. Mas, as Ciências da Natureza ficariam com as áreas de física, química e biologia. Agora, imagine que o aluno não queira nenhuma dessas áreas. Ele tem ainda uma última opção: o curso profissionalizante. Ele vai escolher uma área para ter uma educação profissional com o intuito de se preparar para o mercado de trabalho.

TVE – Essa mudança é a ideal para garantir a melhor formação educacional do brasileiro?
LR – É fato que nosso currículo precisava de mudanças. Quase todos os países já passaram por isso. Nosso currículo está defasado, grande, muito teórico e com pouco significado. Entendo que precisamos agora colocar para funcionar a proposta da mudança e, a partir daí, outros ajustes poderão ser feitos. Mas, a estrutura da mudança precisa ser colocada em prática com eficiência.

TVE – Como a mudança será aplicada?
LR – A aplicabilidade dessa nova legislação também causa muitas dúvidas para todos os envolvidos: alunos, pais e professores. O fato é que a nova legislação começa a valer a partir do próximo ano, mas teremos um ano e meio com currículo obrigatório, como é aplicado atualmente. Na segunda metade de 2019, o aluno deverá buscar a área com a qual mais se identifica.

TVE – De que maneira as escolas vão se adequar a essa mudança?
LR – Existe, é claro, uma preocupação. Mas, a escola que até então tinha uma sala de 2ª série do Ensino Médio agora terá quatro salas diferentes? Sim, na verdade os alunos terão a possibilidade de 4 currículos diferentes. Para as escolas particulares, entendo que será um pouco mais fácil a aplicação porque muitas, hoje já oferecem cursos extras que buscam trazer o jovem ao encantamento com o ensino. É como acontece no Colégio Objetivo Indaiatuba. Nós temos a possibilidade de ter os alunos envolvidos com as áreas que mais gostam nos cursos de aprofundamento. Temos hoje escolas olímpicas de todas as áreas. Para nós, essas “aulas a mais” já existem. É só uma questão de modificar a carga dos professores, deixando no novo formato. Algumas escolas pequenas talvez tenham uma certa dificuldade até por não terem professores suficientes para oferecer toda essa carga, mas aí haverá também a possibilidade da escola não oferecer toda a carga flexível, mas optar por uma ou duas delas. Para o Colégio Objetivo, existe o firme propósito de que teremos, sim, as quatro opções disponíveis no mesmo colégio a partir do segundo semestre do 2º ano.

Conteúdo somente para assinantes. Por favor faça o login

Notícias Semelhantes