Câmbio manual está na ‘contramão’

Por AE/Thiago Lasco • Imagem Divulgação

Com o interesse crescente do brasileiro pela comodidade do câmbio automático, as montadoras ampliaram a oferta de opções sem pedal de embreagem até mesmo em hatches e sedãs compactos. Ao mesmo tempo, nos modelos mais caros, a presença de transmissão manual tende a ser cada vez menor.
Mesmo assim, há opções com câmbio manual que resistem na faixa entre R$ 70 mil e R$ 100 mil. É o caso do Volkswagen Golf, dos Ford Focus e EcoSport, dos Renault Duster e Captur e do Hyundai Creta, Nissan Kicks e dos Honda Civic e HR-V.
Por ser acessível, a caixa mecânica permite que a gama do modelo tenha valor inicial mais baixo para atrair mais consumidores. Com tabela a partir de R$ 77.247, a versão Comfortline 1.0 TSI do Golf funciona como uma espécie de porta de entrada para os hatches médios da Volkswagen.
No caso do Kicks, o perfil dos clientes dos dois tipos de câmbio costuma ser diferente, de acordo com informações da gerente de marketing de produto da Nissan, Juliana Fukuda. “Quem compra a versão com CVT (automática) veio de um utilitário ou sedã médio na mesma faixa de preço. Já o comprador do Kicks manual em geral possuía um hatch compacto e subiu de segmento”, afirma.

GOSTO
A escolha também pode envolver questões comportamentais. “Muitos motoristas gostam de se sentir no controle do carro. A caixa automática troca as marchas sozinha, sem a interferência do condutor”, lembra o consultor Paulo Garbossa.
Nesse contexto, encaixam-se os apreciadores de um estilo de direção mais esportiva, clientes típicos do Honda Civic Sport (R$ 87.900) e do Golf Highline 1.4 (R$ 101.960).
Nem todos os fãs do pedal de embreagem são jovens, de acordo com informações da Volkswagen. Há consumidores de perfil mais tradicional que também fazem essa opção, seja por receio da manutenção mais cara da caixa automática, seja por uma simples questão de hábito.
Na opinião de Garbossa, o câmbio manual não irá desaparecer completamente, porque atende a um nicho relevante, embora pequeno. O especialista pondera que a escolha do tipo de transmissão também é influenciada pelo tipo de uso principal do carro.
“Em grandes centros, quem enfrenta mais trânsito no dia a dia tende a preferir os automáticos. Mas quem dirige em cidades menores, gosta de ‘esticar’ as marchas e tende a achar a caixa automática pior. Por isso, continuará buscando a opção mecânica”, acredita.

Notícias Semelhantes