A intervenção contou com a participação da equipe de cirurgia oncológica e demais equipes do Hospital
Neste mês, a equipe de Cirurgia Oncológica do Hospital Santa Ignês, coordenada pelo cirurgião oncologista Dr. Pedro Ricardo de Oliveira Fernandes (especialista e membro titular das Sociedades Brasileiras de Cirurgia Oncológica e de Cancerologia, e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões), junto às grandes equipes de anestesiologia, centro cirúrgico, intensivismo, perfusão, infectologia, oncologia clínica, enfermagem, fisioterapia, nutrição, farmácia, hotelaria, recepção e higiene, realizaram a primeira cirurgia de citorredução oncológica peritoneo-multivisceral completa e associada à quimioterapia intra-peritoneal hipertérmica (‘HIPEC’), com sucesso, em Indaiatuba.
Foram removidos do compartimento intra-abdominal, durante o extenso procedimento de cerca de 10 horas, múltiplos implantes tumorais peritoneais com segmentos de peritôneo, intestinos, fígado, vesícula biliar, útero e ovários, e seguida de imediata lavagem intra-abdominal com altas doses de quimioterápicos em solução aquecida, através de sistema de perfusão extracorpórea por mais de uma hora (‘HIPEC’). A paciente, com boa evolução, recebeu alta hospitalar no sétimo dia pós-operatório e com boa chance de cura deste tipo de câncer incomum e complexo (Pseudomixoma Peritoneal Mucinoso Difuso, secundário a um tumor originário do apêndice cecal).
Segundo o cirurgião oncológico Dr. Pedro Ricardo, as adequadas condições e preparações clínicas, aliadas à admirável determinação da paciente, relativamente jovem e sem comorbidades significantes, mais a apropriada seleção do caso para este procedimento bastante traumático e, ainda, o valoroso empenho de diferenciados profissionais da equipe multidisciplinar / multiprofissional deste Hospital, foram os fatores determinantes para o sucesso terapêutico.
Destaca-se também a peculiaridade do procedimento anestésico bastante especial, sustentando tamanho procedimento cirúrgico-oncológico, amparado por modernas aparelhagens, mormente, de avançados controles cardiovasculares e térmicos. Dois experientes anestesistas, Dr. Marcos Moretto e Dr. Marcello Mota Matos, trabalharam de forma admirável, exaustiva e ininterrupta.
A perfusão hipertérmica intra-abdominal dos quimioterápicos ficou a cargo do perfusionista da Braile Biomédica.
Este procedimento, inédito em Indaiatuba, se deu graças também aos amplos apoios do cirurgião Dr. Cassiano Ricardo Pontes de Toledo, da direção do Hospital, do Plano Hospital Samaritano (PHS) e do centro cirúrgico, em especial, liderada pelo coordenador Marcus Mazzuia, junto às coordenadoras de enfermagem.
A aquisição dos equipamentos especiais, junto à complexa preparação multidisciplinar para este procedimento e seu pós-operatório, agregam valorosa capacitação e ânimo nas equipes, em diversas áreas do Hospital, com aproveitamento em outros procedimentos de alta complexidade.
Há mais de uma década, desde que o Dr. Pedro Ricardo retornou da sua especialização no Hospital de Câncer de Barretos, a sua equipe de Cirurgia Oncológica procede cirurgias multiviscerais de alta complexidade especial como esta (peritonectomias ampliadas – remoção cirúrgica da membrana peritoneal que reveste os órgãos intra-abdominais, junto a segmentos de órgãos, nas porções infiltradas por tumores, para a eliminação de incontáveis implantes tumorais disseminados na superfície de órgãos e demais estruturas intra-abdominais (‘limpeza’ oncológica-cirúrgica da ‘carcinomatose peritoneal’ exclusiva), na nossa região.
O cirurgião oncológico salienta que a ‘Cirurgia de Citorredução Oncológica Peritoneo-visceral’ com ‘HIPEC’ já é um procedimento, relativamente, antigo, mas como possui elevada morbi-mortalidade, extensão e complexidade grandes, de restrita indicação, é realizado em poucos hospitais. Normalmente, indica-se apenas para casos em pacientes não idosos, com boas condições físicas e clínicas, sem comorbidades importantes, com pouca a moderada disseminação peritoneal exclusiva e sem disseminação (metástase) concomitante para dentro de órgão (por via sanguínea), com tumores de malignidade menor (alguns tipos menos agressivos de tumores, como de apêndice cecal, do próprio peritônio – ‘mesotelioma peritoneal’ – e de ovário, e em alguns casos de exceção de cólon, estômago e sarcoma, pois, estes últimos, geralmente, são mais agressivos e refratários).
O Dr. Pedro Ricardo alerta ainda que isto é apenas seguro e factível em um centro com equipe multidisciplinar / multiprofissional capacitada e, realmente, focada, disposta e integrada.