Africa Fashion Week acontece pela primeira vez no Brasil, em S. Paulo

O movimento global foi fundado por empresária e especialista em moda nigeriana

A iniciativa que já acontece no Reino Unido e na África, a Africa Fashion Week (AFW Brasil) aconteceu pela primeira vez no país, no Expo Center Norte, em São Paulo, na semana passada. O local recebeu desfiles de moda, mas também exposição de produtos e serviços nas áreas de vestuário, decoração, beleza, turismo e gastronomia.

Movimento global fundado pela empresária e especialista em moda nigeriana Ronke Ademiluyi Ogunwusi, objetiva também dar apoio ao empreendedorismo negro, explica a realizadora do AFW Brasil, Silvana Saraiva.

“No evento trazemos designers, mas também traz os empreendedores pretos para que eles possam alavancar e inclusive internacionalizar seus negócios, o AFW é um instrumento de combate ao racismo estrutural que ainda hoje está ativo na estrutura social do Brasil”, comentou Silvana, presidente mundial do Instituto Internacional Feafro e da Câmara de Comércio Brasil África.

Segundo a organizadora, a AFW Brasil visa valorizar a diversidade cultural, combater o racismo e fomentar a integração do Brasil com o continente africano. “Não só porque temos 54% da população preta, mas também porque temos a similaridade cultural”, disse.

“A AFW Brasil abre um leque de oportunidades de internacionalização de empresas e também de comércio exterior, porque a África hoje está em diversificação econômica, com toda a cadeia do setor têxtil. E isso também faz com que outros setores da economia brasileira voltem seu olhar para o continente africano e ajuda a compreender melhor os interesses, os desejos e os anseios do consumidor preto brasileiro”, completou.

Combate
A moda, destaca Silvana, é um instrumento de combate ao racismo. “A moda passa a ser um instrumento reacionário de combate ao racismo, porque até hoje a moda ainda é euro centrada. A ideia é trazer uma nova ideia não só de design e estética, mas de modelagem que esteja mais alinhado com o corpo principalmente do afro-brasileiro, do povo negro brasileiro”.

_Autora da pesquisa de mestrado Moda Afro-Brasileira, design de resistência: o vestir como ação política, a pesquisadora e designer de moda Maria do Carmo Paulino dos Santos explica que a moda afro-brasileira é um instrumento contra o racismo, porque, carrega em seu bojo a luta de resistência da população negra.

“Essa moda ressignifica conceitos, tradições, comportamentos e modos de vida. Essa moda vem das periferias, vem dos terreiros, vem dos quilombos, vem das marchas e das manifestações de resistência negra. Essa moda é criada por pessoas pretas que querem ver nas passarelas a representação da sua estética negra, do seu cabelo crespo, dos seus traços negroides (grupo de pessoas que têm sua origem na África): caras pretas, peles retintas, nariz e lábios largos, e cabelos crespos”, explicou.

Valor
Para a pesquisadora, eventos como o África Fashion Week (da Nigéria) , o são importantes para valorizar a imensa comunidade de imigrantes africanos no Brasil, de diversos países do continente africano: Angola, Nigeria, Gana, Guiné Bissau, Togo, Costa do Marfim, Moçambique, Namíbia, África do Sul, etc.

(C) Divulgação

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